Dia de Seminário ou Fim do Mundo!
Assim começou uma longa tarde de leitura, anotações, dores de cabeça e minha obrigação de dias de domingo (ir a Santa Missa). Entre textos e consultas na internet, saídas rápidas e dipirona, finalmente, às 22h30, o slide estava pronto e as falas “decoradas”. O sono e o desespero ainda pesavam, mas consegui dormir tranquilamente.
Acordei às 5h30, com o despertador que programei para revisar tudo mais uma vez e, para minha surpresa, percebi que estava pronta para enfrentar o tão temido seminário, pelo menos era o que eu pensava.
O dia amanheceu chuvoso e me preparei para chegar mais cedo à universidade e revisar os textos antes do juízo final. Saí com antecedência e cheguei ao local faltando cinco minutos.
Senti que podia respirar. Teríamos mais tempo para nos preparar.
Mas a tranquilidade durou pouco. Rodrigo mandou uma mensagem informando que sua mãe estava mal e que ficaria com ela, e ele não poderia apresentar. Teríamos que seguir sem ele. Um furo no meio do seminário, que desastre!
Subimos para o último andar, e o corredor parecia mais estreito. As pernas estavam pesadas, a boca seca. Não acreditava que teria que apresentar.
— Me mandem as apresentações — disse o professor, ajeitando o notebook na mesa e comentou casualmente: — Essa mesa é nova!
Como ele poderia estar tão tranquilo? Enquanto isso, meu nervosismo só aumentava.
O primeiro grupo começou sua apresentação. O professor fazia comentários e interrompia algumas vezes.
Olho para o relógio: 9h. Ele não vai dar intervalo? Pensava eu, sentada com os colegas em um semicírculo. Infelizmente, a apresentação terminou por volta das 9h38.
— Vou dar o intervalo e pegar os textos para a gente discutir! — anunciou o professor, indo buscar as cópias dos textos no térreo do prédio.
O intervalo passou num piscar de olhos e logo nos vimos subindo as escadas de volta para a sala, as pernas trêmulas e com sorrisos desajeitados estampados nos rostos sem graça. Caminhamos devagar, como se isso pudessemos adiar o tão temido seminário.
Chegamos ao último andar e o professor ainda não havia voltado.
— Vamos ao banheiro — eu disse, esfregando as mãos geladas.
Os minutos passavam arrastados, quando Ravi anunciou que era 10h, o alívio ainda não era completo, pois o mistério do professor ainda nos assombrava.
Quando, sem perceber, o professor já estava de volta à sala de aula, e colocando as cópias sobre as carteiras, disse:
— Vamos fazer um exercício! O exercício consistia em ler uma narrativa e o resumo de um artigo, e depois escrever um único texto conectando os dois, em aproximadamente 10 minutos. Feito isso, lemos em voz alta, em pé e na frente da classe, eu estava nervosa e tremia por dentro, fui a última a apresentar, ao sentar-me no meu lugar, o professor comentou sobre os textos apresentados.
Quando finalmente, o professor olhou, com um sorriso no rosto, para Sara e eu e disse:
— E o seminário ficou mesmo pra semana que vem!
Então, eu sobrevivi. O sol brilhava lá fora, e por um breve momento, pude respirar aliviada... Até a semana que vem.
Autor: Larissa Pinheiro da Silva.
Este texto narra as 21 horas de tensão desde o início do preparo para a apresentação até o momento de colapso momentâneo causado pelo adiamento do seminário. Os episódios relatados são reais e autorais, os nomes dos personagens foram trocados para garantir sua privacidade.